PARA VER ESTE MÊS

Sempre fui uma leitora fervorosa e uma entusiástica de cinema. Infelizmente, este é um tópico que renego bastante por aqui, simplesmente por querer manter a cosmética como tema central. Contudo, uma das minhas resoluções de ano novo foi escrever mais; escrever sobre aquilo que me dá mais prazer. Posto isto, serão mais frequentes as publicações sobre literatura, cinema e televisão - que me dizem? E por esse lado, o que andam a ver este mês? 

You

Andava ansiosa pelo lançamento de You desde o primeiro teaser. Primeiro, pelo actor principal; Gossip Girl é um marco na minha adolescência e, mesmo não morrendo de amores pelo Dan, tinha curiosidade em ver outra personagem por parte de Penn Badgley. Segundo, pelo ambiente de tensão que se sente em todo o trailer. Literalmente, um dia depois do lançamento na Netflix, já tinha devorado a série e as minhas expectativas (altas, bem altas) foram fantasticamente superadas. 

"You" conta a história de Joe e da sua paixão obsessiva por Beck.

A série, adaptada de um livro homónimo de Caroline Kepnes, conta a história de Joe, um gerente de uma livraria, e de todo o seu envolvimento com Beck. O que rapidamente associamos a um amor à primeira vista, escala para um sentimento obsessivo e aos primeiros quinze minutos de série, percebemos que algo está errado. A série tem um ritmo extremamente rápido, cativante e sem grandes pausas. Não exige demasiada atenção ao detalhe, é fácil de acompanhar, mas ainda assim, intensa. Adoro o facto da história ser contada na primeira pessoa - é o Joe que faz toda a narração - e, acima de tudo, que a adaptação me fizesse questionar as questões morais e éticas de mais de metade dos acontecimentos. É difícil demonstrar o meu entusiasmo sem entrar em detalhes essenciais, mas posso dizer que foi uma das minhas séries favoritas de 2018 - e eu sou especialmente exigente. 

BlacKkKlansman

Dirigido por Spike Lee, BlacKkKlansman conta a história de Ron Stallworth, o primeiro detective afro-americano na divisão do Colorado. Com a ajuda de Flip (um detective judeu), Ron infiltra-se na Ku Klux Klan, uma organização racista que defende a supremacia branca, o nacionalismo, a anti-imigração e o anti-semitismo. Escusado será dizer que a crítica social e a mensagem política em BlacKkKlansman é massiva - e sinceramente, chocante. Os momentos de racismo extremo, os diálogos, os pequenos detalhes... todo este filme é o soco no estômago que precisamos de levar. 

O momento em que Flip e Ron celebram a falsa entrada no KKKlan.

De uma forma extremamente leviana e com alguns momentos de humor, o filme foca os problemas sociais de uma forma extremamente crua. O desenvolvimento dos personagens é incrível e, apesar de ter ficado fã do desempenho de John David Washington, fiquei deliciada com as escolhas de Adam Driver. Flip é completamente desligado das suas raízes judaicas e, perceber a revolta a crescer na personagem nos pequenos detalhes, gestos e expressões faciais é emocionante. Vivendo obviamente numa posição privilegiada, posso dizer que me emocionei seriamente nos últimos momentos do filme, num desfecho vergonhoso acompanhado por filmagens REAIS do KKKlan.

Bird Box

Bird Box dispensa apresentações após de todo o marketing incrível por parte da Netflix. O enredo conta a história de Malorie e de duas crianças, que lutam pela sua sobrevivência. A principal dificuldade? Fazê-lo de olhos vendados, visto que as criaturas que os perseguem levam qualquer um que os veja, ao suicídio. A história é contada em diferentes espaços temporais, infelizmente fazendo adivinhar em demasia os desfechos de cada cena. Ainda assim, existem momentos surpreendentes e emocionantes por todo o filme.

"Bird Box" conta a história de sobrevivência de Malorie e duas crianças.

Eu sei, eu sei. Bird Box está literalmente em todo o lado e sinceramente, tem dividido a crítica. Pessoalmente, gostei imenso do filme. Ainda assim, faço a ressalva: as interpretações dos actores não são de todo as minhas favoritas e, em determinados momentos, deixam bastante a desejar - o que nos faz, inclusive, duvidar da tensão da acção. Sandra Bullock destaca-se, obviamente, a par com a bondade e coragem de Trevante Rhodes. Mas porque é que gosto tanto do filme? Por ser tratada como uma personagem e em momento algum ser apresentada aos 'monstros' que assombram os personagens. Também eu tenho uma venda e permaneço na dúvida; será que a tiraria apenas para satisfazer a minha curiosidade? 

Também merecem destaque:

Minimalismo - um documentário que acompanha os estilos de vida de pessoais reais que decidiram viver com menos. É extremamente interessante por tocar em temáticas fortíssimas, como o marketing a que estamos expostos ou à sociedade assustadoramente consumista em que vivemos.

Marie Kondo: a Magia da Arrumação - uma série em que Marie Kondo - a incrível escritora e youtuber guru de arrumação - auxilia casais com dicas de arrumação e organização, perfeitas para as novas resoluções de ano novo. 

Sou um assassino - uma das série-documentários mais chocantes que já vi. De uma forma muito sucinta, permite a condenados contarem a sua história na primeira pessoa.